quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

No Lugar Certo, Na Hora Certa

Essa é mais uma daquelas histórias que só o futebol pode proporcionar.

O treinador do Vitória de Setúbal, Manuel Fernandes, em um fim de semana sem muitos compromissos, foi ver o filho jogar num pouco pretencioso Alcochetense-Casa Pia. 

Nessa partida os olhares não recaíram sobre o rebento Tiago Fernandes, avançado da equipa de Alcochete, eles foram todos para Zeca, médio da Casa Pia, que marcou um golo e deu passe para outros dois. No final, Casa Pia 3 a 2.

No início da atual temporada Manuel Fernades levou Zeca para Setúbal e o ponto alto da história aconteceu no último sábado: o camisola 17 saltou do banco - e do anonimato - para anotar o segundo golo dos sadinos, aos 34 do primeiro tempo, e ajudar sua equipa a eliminar o Sporting da Taça de Portugal.

Zeca, no lugar certo, na hora certa. E viva o futebol!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Esperança Ligeira

Durante alguns minutos da derradeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões o Sporting Braga ficou a apenas um golo do apuramento para a segunda etapa da mais importante prova interclubes do mundo.

Marcasse contra os ucranianos do Shakhtar ou o Arsenal sofresse mais um (bem improvável) golo do Partizan Belgrado, os minhotos sentiriam, pelo menos momentaneamente, o gosto de uma honra almejada por todos e alcançada por apenas um punhado.

Não foi dessa vez, mas o Braga honrou o futebol português com atuações valentes e uma vitória que não será esquecida pelos próximos 100 anos frente ao Arsenal na Pedreira.

Foi por pouco, bem pouco. Ainda resta o consolo da Liga Europa e o orgulho de uma torcida que vem se forjando nas grandes batalhas.

Valeu, Braga! O Minho e todo o país têm certeza que esse foi o começo do teu maior arranque de sempre.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Jangada de Pedra e o 2018

Como dois irmãos, vivemos brigando. Temos séculos de interesses em comum, séculos de rivalidades. Duas bandeiras fincadas nos quarto cantos do mundo. Disputas? Sempre palmo a palmo. Uma vitória pra cá, uma pra lá. Equilíbrio indiscutível. E incomparável.

O mar, os mares, já foram nossos. Nosso quintal, nossos campos prediletos. Acreditamos ser absolutos. Imortais. Tordesilhas, África, Índias. Há mundo? Estamos lá, com certeza. Magalhães? É nosso. Do lado de lá tem um tal de Colombo. Parece que bate um bolão. O homem é genovês, sim, mas defende o time deles. A propósito: eles têm uma longa tradição em importar craques galácticos para todas as suas fileiras, sabe?

Temos também muito em comum. Mais do que isso: razão de evolução, de superação, de existência. Já dividimos reinos, formamos famílias, desmanchamos as famílias. Refizemos as famílias. Até crises nós dividimos. Voltamos à democracia quase juntos. Crescemos juntos, como um só organismo. No universo fantástico de Saramago - claro que esse é nosso, mas o gênio, orgulho de ambos os lados, foi se despedir do mundo lá - nos descolamos do continente e saímos por aí, à deriva pelos oceanos. Juntos.

Agora a jangada compartilhada por Portugal e Espanha tem um desafio quase tão gigantesco quanto sua história conjunta: superar alguns dos maiores do mundo e trazer a Copa 2018 para a Península Ibérica. Para a nossa casa.

Acreditamos muito. Afinal, nossa jangada é de pedra. E de muita fé.