quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Jangada de Pedra e o 2018

Como dois irmãos, vivemos brigando. Temos séculos de interesses em comum, séculos de rivalidades. Duas bandeiras fincadas nos quarto cantos do mundo. Disputas? Sempre palmo a palmo. Uma vitória pra cá, uma pra lá. Equilíbrio indiscutível. E incomparável.

O mar, os mares, já foram nossos. Nosso quintal, nossos campos prediletos. Acreditamos ser absolutos. Imortais. Tordesilhas, África, Índias. Há mundo? Estamos lá, com certeza. Magalhães? É nosso. Do lado de lá tem um tal de Colombo. Parece que bate um bolão. O homem é genovês, sim, mas defende o time deles. A propósito: eles têm uma longa tradição em importar craques galácticos para todas as suas fileiras, sabe?

Temos também muito em comum. Mais do que isso: razão de evolução, de superação, de existência. Já dividimos reinos, formamos famílias, desmanchamos as famílias. Refizemos as famílias. Até crises nós dividimos. Voltamos à democracia quase juntos. Crescemos juntos, como um só organismo. No universo fantástico de Saramago - claro que esse é nosso, mas o gênio, orgulho de ambos os lados, foi se despedir do mundo lá - nos descolamos do continente e saímos por aí, à deriva pelos oceanos. Juntos.

Agora a jangada compartilhada por Portugal e Espanha tem um desafio quase tão gigantesco quanto sua história conjunta: superar alguns dos maiores do mundo e trazer a Copa 2018 para a Península Ibérica. Para a nossa casa.

Acreditamos muito. Afinal, nossa jangada é de pedra. E de muita fé. 

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