domingo, 24 de outubro de 2010

Fica, Jorge, Fica

A “tabelinha” mais próxima da perfeição no olimpo esportivo é a protagonizada há gerações pela dupla amigos-botequim. No caso da nossa turma, o palco das grandes resoluções sobre os rumos do futebol mundial chama-se Chivito de Ouro. 
Tradicionalíssimo, original, o Chivito segue à risca o manual da cultura botequística nacional e é o mais português “pé-sujo” da cidade. É verdade que falta-lhe uns tremoços e uma bagaceira de qualidade também cairia muito bem, mas somos privilegiados pelos bolinhos de bacalhau sempre feitos no dia (desde que esse dia seja um sábado, claro).
O problema é que o Chivito, pelo menos da forma que o conhecemos, parece estar com os dias contados. Se isso vier a acontecer tenho a impressão de que o futebol, pelo menos da forma que o conhecemos, perderá importantes - e intermináveis - discussões técnicas e tácticas e, temo, seu norte.
Sob o risco iminente da nossa casa passar por uma pasteurização pós venda, com mesas de mármore, atendimento-padrão e limpeza(!), tirando quase todo o seu sentido, nos restam duas hipóteses: 1 - torcer para que o Jorge, o dono, que nos atura há 20 e tantos anos, desista de se aposentar no Porto; 2 - cumprir nossos deveres de cidadãos responsáveis e alertar aos futuros proprietários que este bar é uma tremenda nau furada, totalmente inviável, prejuízo certo e irreparável.
Em outras palavras: fica, ó tio, fica! As grandes decisões do futebol, dentro e fora das quatro linhas, ainda precisam passar pelas suas mesas mancas e cervejas geladinhas.

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