quarta-feira, 27 de junho de 2012

Euro 2012: Um Exercício Português


Se você é alemão, inglês, italiano ou espanhol, se a sua seleção tem uma das maiores torcidas do mundo, faça um exercício de abstração.

Pense que você não torce ao lado de 40, 50 ou 80 milhões de aficcionados pelas mesmas cores. Esqueça os títulos fartos, as vitórias incontestáveis e os craques indiscutíveis que passaram pelas suas fileiras.

Vá até seu estádio preferido num dia sem jogo e sente-se nas arquibancadas. Feche os olhos. Tenha consigo a companhia das pombas, do vazio, da sua ilusão e da sua paixão pelo futebol. Imagine que junto de você não existe um exército, existe apenas uma guarnição, um punhado de pessoas espalhadas pelo mundo inteiro.

Pense que você torce para uma equipa que tem títulos esparsos, glórias de vitórias sobre gigantes, golos solitários e uma improvável estrela advinda do que restou da fartura dos tempos coloniais.

Abstraia.

Conseguiu? O que você sentiu?

Se você sentiu prazer, uma sensação agradável, sentiu-se diferente, você ama o futebol tanto quanto nós e sabe que o amor sobrevive a tristezas, a vitórias raras.

A campanha de Portugal no Euro 2012 foi fantástica outra vez. Colocou o país novamente no mapa, trouxe orgulho, ligou portugueses da Alfama a Macau, do Rio de Janeiro ao Funchal, da Califórnia ao Pico.

Não ganhamos. E daí?

A Copa de 2014 está chegando. Provavelmente não ganharemos, mas seremos felizes por termos uma equipa como essa para torcer.

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