Se você é alemão, inglês, italiano ou espanhol, se a
sua seleção tem uma das maiores torcidas do mundo, faça um exercício de
abstração.
Pense que você não torce ao lado de 40, 50 ou 80
milhões de aficcionados pelas mesmas cores. Esqueça os títulos fartos, as
vitórias incontestáveis e os craques indiscutíveis que passaram pelas suas
fileiras.
Vá até seu estádio preferido num dia sem jogo e
sente-se nas arquibancadas. Feche os olhos. Tenha consigo a companhia das
pombas, do vazio, da sua ilusão e da sua paixão pelo futebol. Imagine que junto
de você não existe um exército, existe apenas uma guarnição, um punhado de
pessoas espalhadas pelo mundo inteiro.
Pense que você torce para uma equipa que tem títulos
esparsos, glórias de vitórias sobre gigantes, golos solitários e uma improvável
estrela advinda do que restou da fartura dos tempos coloniais.
Abstraia.
Conseguiu? O que você sentiu?
Se você sentiu prazer, uma sensação agradável,
sentiu-se diferente, você ama o futebol tanto quanto nós e sabe que o amor
sobrevive a tristezas, a vitórias raras.
A campanha de Portugal no Euro 2012 foi fantástica
outra vez. Colocou o país novamente no mapa, trouxe orgulho, ligou portugueses
da Alfama a Macau, do Rio de Janeiro ao Funchal, da Califórnia ao Pico.
Não ganhamos. E daí?
A Copa de 2014 está chegando. Provavelmente não
ganharemos, mas seremos felizes por termos uma equipa como essa para torcer.
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