quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

No Lugar Certo, Na Hora Certa

Essa é mais uma daquelas histórias que só o futebol pode proporcionar.

O treinador do Vitória de Setúbal, Manuel Fernandes, em um fim de semana sem muitos compromissos, foi ver o filho jogar num pouco pretencioso Alcochetense-Casa Pia. 

Nessa partida os olhares não recaíram sobre o rebento Tiago Fernandes, avançado da equipa de Alcochete, eles foram todos para Zeca, médio da Casa Pia, que marcou um golo e deu passe para outros dois. No final, Casa Pia 3 a 2.

No início da atual temporada Manuel Fernades levou Zeca para Setúbal e o ponto alto da história aconteceu no último sábado: o camisola 17 saltou do banco - e do anonimato - para anotar o segundo golo dos sadinos, aos 34 do primeiro tempo, e ajudar sua equipa a eliminar o Sporting da Taça de Portugal.

Zeca, no lugar certo, na hora certa. E viva o futebol!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Esperança Ligeira

Durante alguns minutos da derradeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões o Sporting Braga ficou a apenas um golo do apuramento para a segunda etapa da mais importante prova interclubes do mundo.

Marcasse contra os ucranianos do Shakhtar ou o Arsenal sofresse mais um (bem improvável) golo do Partizan Belgrado, os minhotos sentiriam, pelo menos momentaneamente, o gosto de uma honra almejada por todos e alcançada por apenas um punhado.

Não foi dessa vez, mas o Braga honrou o futebol português com atuações valentes e uma vitória que não será esquecida pelos próximos 100 anos frente ao Arsenal na Pedreira.

Foi por pouco, bem pouco. Ainda resta o consolo da Liga Europa e o orgulho de uma torcida que vem se forjando nas grandes batalhas.

Valeu, Braga! O Minho e todo o país têm certeza que esse foi o começo do teu maior arranque de sempre.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A Jangada de Pedra e o 2018

Como dois irmãos, vivemos brigando. Temos séculos de interesses em comum, séculos de rivalidades. Duas bandeiras fincadas nos quarto cantos do mundo. Disputas? Sempre palmo a palmo. Uma vitória pra cá, uma pra lá. Equilíbrio indiscutível. E incomparável.

O mar, os mares, já foram nossos. Nosso quintal, nossos campos prediletos. Acreditamos ser absolutos. Imortais. Tordesilhas, África, Índias. Há mundo? Estamos lá, com certeza. Magalhães? É nosso. Do lado de lá tem um tal de Colombo. Parece que bate um bolão. O homem é genovês, sim, mas defende o time deles. A propósito: eles têm uma longa tradição em importar craques galácticos para todas as suas fileiras, sabe?

Temos também muito em comum. Mais do que isso: razão de evolução, de superação, de existência. Já dividimos reinos, formamos famílias, desmanchamos as famílias. Refizemos as famílias. Até crises nós dividimos. Voltamos à democracia quase juntos. Crescemos juntos, como um só organismo. No universo fantástico de Saramago - claro que esse é nosso, mas o gênio, orgulho de ambos os lados, foi se despedir do mundo lá - nos descolamos do continente e saímos por aí, à deriva pelos oceanos. Juntos.

Agora a jangada compartilhada por Portugal e Espanha tem um desafio quase tão gigantesco quanto sua história conjunta: superar alguns dos maiores do mundo e trazer a Copa 2018 para a Península Ibérica. Para a nossa casa.

Acreditamos muito. Afinal, nossa jangada é de pedra. E de muita fé. 

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Greve de Bola

O Benfica cumpriu à risca a orientação das centrais sindicais portuguesas e parou completamente.

A turma da Luz fez a alegria da torcida. Infelizmente - e mais uma vez - a da torcida adversária. Na noite desta quarta-feira, quem teve a sorte de enfrentar os encarnados e fazer o nome na Liga dos Campeões foram os craques do consagrado Hapoel Tel Aviv.

Com um futebol perdido, talvez homenageando o desavisado lisboeta que esperou pelo metrô durante toda a manhã sem saber o que estava acontecendo, as águias mais apáticas dos últimos anos se despedem melancolicamente da competição número 1 da Europa.

Benfica, a gente merecia mais, esperava mais, queria mais. Vamos torcer para que no ano que vem não tenhamos uma paralisação tão aguda para atrapalhar os sonhos da torcida.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Contra os Canhões, Marchar, Marchar

Independentemente do que ocorra na jornada derradeira da Liga dos Campeões, o Braga já gravou seu nome na história recente do futebol.

A vitória de hoje dos minhotos sobre um dos maiores clubes do continente reacendeu o espírito que trouxera o Braga até aqui e, de oferta, a alegria de assistir futebol.

Os canhões bretões carregados e apontadas. Uma batalha já ganha antes do início da partida era fato. No mínimo um massacre em terras lusas, certo? A legião londrina só não se deu conta de um detalhe: o jogo chama-se futebol e aqui, amigo, a imprevisibilidade dá o norte à vida.

Ao final dos 90, Braga 2, Arsenal 0. Quem, fora da Pedreira, do Minho, do Norte, acreditaria numa marcha tão valente e os arsenalistas atropelando um Arsenal prensado em sua defesa quase o tempo todo?

E viva o futebol.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tourada à Portuguesa

Brasil, Argentina, Inglaterra, Alemanha, Espanha, França, Uruguai, Itália. É fantástico imaginar os maiores do mundo no nosso quintal. Jogando uma Copa do Mundo, então, só no maior sonho de sempre.

Pelo desenho das últimas semanas, vimos a candidatura Ibérica para a Copa do Mundo de 2018 com chances reais de triunfar e a dupla que já loteou metade do mundo pode voltar a ser o centro do universo - mesmo que por apenas um mês.

O resultado da prova mais importante dos últimos anos para Portugal e Espanha só será decidida em algumas semanas e bem longe dos gramados de Lisboa ou de Barcelona. Enquanto esperamos, também nos preparamos, felizmente, correndo atrás da bola.

Esta noite a Seleção de Portugal jogou como deveria ter jogado a Copa 2010, como deveria ter jogado os primeiros jogos das Eliminatórias ao Euro 2012, como jogou na campanha memorável do Euro 2004: sobrando alma.

Lembrando uma boa tourada à portuguesa, demos alguma chance ao touro, mas seguimos o roteiro à risca e o pegamos à unha. Um espetáculo inesquecível, cheio de raça, determinação e brilhantismo. Foi como deve ser sempre.

A goleada por 4 a 0 na Espanha poderia ter sido maior, mas até que foi bom ter respeitado nosso parceiro de empreitada. Afinal, somos ou não somos bons sócios?

Boa, equipa! Que esse seja o sinal de um ano que ainda vai trazer as melhores notícias aos amantes do futebol.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Seu Camargo e a Filosofia

O seu Camargo é um luso descendente que trabalhou comigo em meados dos anos 1990. Como todo bom vendedor, tinha uma conversa muito fluida, argumentos ilimitados, retóricas memoráveis, ditados para todas as ocasiões e filosofias com os dois pés no inusitado.

Garantindo parte considerável do faturamento da empresa nas horas vagas, o seu Camargo se ocupava mesmo era com a Associação Portuguesa de Desportos, um dos clubes mais improváveis do futebol mundial.

Defensor irredutível da Lusa, o seu Camargo era tão fanático que não se contentava em apenas escalar todas as Portuguesas desde o título paulista de 1935. O homem era bem informado: sabia quais eram as padarias que os jogadores frequentavam e ainda insistia em afirmar que o Toquinho batia faltas melhor do que o Zenon.

Depois da final do Campeonato Brasileiro de 1996, quando a Portuguesa perdeu o título para o Grêmio faltando uns 5 minutos para o final da partida, seu Camargo, achando que o resultado fora arrumado, defendia que a Portuguesa deveria sair da disputa do Brasileirão e formar um campeonato paralelo, que seria muito mais emocionante, juntamente com o Vasco da Gama, a Portuguesa Santista e a Portuguesa carioca.

Pensando bem, acho que a ideia só decola mesmo se o campeonato contar também com o Tuna Luso, de Belém do Pará. O verdadeiro campeão nacional sairia, então, de uma disputa entre o campeão do Brasileirão "comum" e o campeão desta nova liga, bem mais complicada, que reuniria nada mais, nada menos, que 5 titãs do futebol.

Acho que faltaria coragem para o campeão do Brasileirão "comum" validar o título, mas, sem dúvida, seria uma prova de valentia.

Que bela ideia, heim seu Camargo? E o senhor aí, como quem não quer nada, contribuindo imensamente para a valorização do futebol. É de pessoas assim que o futebol está precisando. Parabéns, ó pá!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Os Galos de Barcelos

Enquanto o norte celebra um São João fora de época e a metade encarnada do país, quebrada em 5 partes, vai colando seus cacos, concluímos que não há grandes novidades na Primeira Liga Portuguesa.

Já que o Futebol Clube do Porto, definitivamente, não faz parte desta turma e tira toda a graça que ainda pudesse existir neste primeiro turno, recorremos às boas histórias da Liga de Honra.

O destaque da competição até esta sétima jornada é o glorioso Gil Vicente, invicto, que soma quatro vitórias e três empates. Ressurgindo de um inverno com algo de rigoroso, os de Barcelos mostram as esporas para voltar aos principais holofotes nacionais e estão fazendo por onde.

Tenho para mim que o Gil Vicente é um daqueles necessários ao futebol, que integram o quadro dos bons coadjuvantes, dos que costumam fazer bem seus papéis, mesmo quando de menor relevância.

À briga galos de Barcelos, sigam cantando alto e chamando a atenção até maio do ano que vem!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Assim Fica Bem Para o Jubileu de Ouro

Costa Pereira, Mário João, Ângelo Martins, Cavém, Germano, José Neto, Joaquim Santana, Mário Coluna, Fernando Cruz, José Augusto e José Águas. Esta foi a formação histórica do Benfica no dia 30 de maio de 1961, em Berna, Suíça, quando os encarnados bateram o Barcelona e se tornaram campeões da Europa pela primeira vez.

Bons tempos em que os espanhóis eram nossos "fregueses" contumazes. No ano seguinte, o bicampeonato veio com uma vitória arrasadora sobre o Real Madrid em Amsterdão por inapeláveis 5 a 3, aí contando com uma participação especial do Eusébio, que "só" anotou duas vezes.

Nesta noite, com um placar digno dos anos 1960, o Benfica jogou como gostaríamos de saborear sempre: ao ataque, quase sem dar hipóteses ao adversário. Tanto foi que quase se traiu pela empolgação. Melhor assim! Numa noite iluminada por Carlos Martins e bis de Fábio Coentrão, as águias fizeram mais do que um 4 a 3 contundente: reacenderam uma chama já pálida e voltaram para a briga.

Boa, Benfica! Quem sabe se no Jubileu de Ouro da primeira grande conquista portuguesa desde a Era dos Descobrimentos não realizamos uma Liga dos Campeões ainda mais memorável!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Outubro, o Mês do Craque

Encerramos o mês do camisa 10 com um balanço apenas regular para o futebol luso. Se fosse um jogo, talvez não passasse daquele 1 a 1 morninho.

O mês que registra o nascimento de Pelé, Maradona e, num degrauzinho abaixo, este que vos escreve, não foi exatamente inesquecível para os lados de Braga e da Luz na Liga dos Campeões, mas marcou o ressurgimento da Seleção Nacional após dois resultados iguais: batemos a Dinamarca, em casa, e a Islândia, fora, pelos mesmos 3 a 1, trazendo oxigênio para o recém chegado professor Paulo Bento e bastante alívio para 15 milhões de adeptos.

Já que o mês 10 nos inspira a falar sobre a alta arte futebolística, o grande gelado do nosso verão foi o Hélder Esteves, avançado de 33 anos, nascido em Braga (não, não foi em outubro e sim em julho, mas o homem veste a 10 com muita classe!), que no apagar das luzes, no dia 31, anotou o derradeiro golo do luso-francês Créteil, ajudando a equipa a superar o Puteaux (4-1), fora de casa, avançando mais um passo na Copa da França, já seu melhor resultado das últimas temporadas.

Agora, novembro, que arranca com a primeira rodada do returno da Liga Milionária, fé renovada no Braga e no Benfica e acreditando sempre nos craques de todos os meses!

domingo, 24 de outubro de 2010

Fica, Jorge, Fica

A “tabelinha” mais próxima da perfeição no olimpo esportivo é a protagonizada há gerações pela dupla amigos-botequim. No caso da nossa turma, o palco das grandes resoluções sobre os rumos do futebol mundial chama-se Chivito de Ouro. 
Tradicionalíssimo, original, o Chivito segue à risca o manual da cultura botequística nacional e é o mais português “pé-sujo” da cidade. É verdade que falta-lhe uns tremoços e uma bagaceira de qualidade também cairia muito bem, mas somos privilegiados pelos bolinhos de bacalhau sempre feitos no dia (desde que esse dia seja um sábado, claro).
O problema é que o Chivito, pelo menos da forma que o conhecemos, parece estar com os dias contados. Se isso vier a acontecer tenho a impressão de que o futebol, pelo menos da forma que o conhecemos, perderá importantes - e intermináveis - discussões técnicas e tácticas e, temo, seu norte.
Sob o risco iminente da nossa casa passar por uma pasteurização pós venda, com mesas de mármore, atendimento-padrão e limpeza(!), tirando quase todo o seu sentido, nos restam duas hipóteses: 1 - torcer para que o Jorge, o dono, que nos atura há 20 e tantos anos, desista de se aposentar no Porto; 2 - cumprir nossos deveres de cidadãos responsáveis e alertar aos futuros proprietários que este bar é uma tremenda nau furada, totalmente inviável, prejuízo certo e irreparável.
Em outras palavras: fica, ó tio, fica! As grandes decisões do futebol, dentro e fora das quatro linhas, ainda precisam passar pelas suas mesas mancas e cervejas geladinhas.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Oui, o Clássico que Abalou Paris é Nosso

No último domingo, 17 de outubro, aconteceu o clássico mais comentado da França. Pelo menos entre portugueses e descendentes.

O Créteil-Lusitanos derrotou os Lusitanos de St. Maur por inapeláveis 4 a 1 em jogo válido pela quinta eliminatória da Taça da França. O encontro, realizado no Estádio de Chéron, colocou frente a frente dois vizinhos do departamento 94, ambos ligados à comunidade portuguesa de Paris.

A quinta eliminatória da Taça da França marcou a entrada das equipas que militam na Ligue National, a terceira divisão gaulesa, e os embates da próxima fase decorrem no dia 31.

Torcemos, infelizmente de longe, para que a equipa mais lusitana de Créteil siga às oitavas de final da Taça, como o ocorrido na histórica temporada 2003-2004, e continue sendo mais comentada que o desabastecimento de combustível no país do Asterix.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Futebol Quase Milionário

Hoje o Braga, finalmente, apresentou o futebol que encantou a toda gente na temporada passada. Se o resultado não foi originado por um futebol milionário, veio de algo bem próximo ao emergente.  

Superando o tufão inglês que abalou completamente as estruturas e o vendaval ucraniano que quase completou a tarefa, os bracarenses foram valentes e, principalmente, ambiciosos.

O primeiro triunfo arsenalista na Liga dos Campeões vai colaborar, certamente, com a saúde financeira da equipa e sobretudo traz o Braga de volta à batalha e a ilusões maiores.

A pedreira fez a festa. Vamos Braga, que os novos ventos estejam, agora, a nosso favor.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

É Dia de Ver o Macedo de Cavaleiros, Fora

Há alguns anos ganhei o hábito de almoçar em uma pequena joia gastronômica portuguesa em São Paulo. Além da boa comida, preço bastante honesto e atendimento sublime, sempre me chamou a atenção uma echarpe que fica estacionada sobre uma das portas: ela traz o nome do glorioso Clube Atlético Macedo de Cavaleiros.

Quem a colocou ali? A proprietária da casa, dona Maria, originária da Invicta, não soube dizer. Seria algum representante da dinâmica indústria de echarpes? Ou um fanático frequentador/adepto? Ninguém tem a resposta. Mais do que isso: quem é o CA Macedo de Cavaleiros?

Pesquisando um bocadinho conheci sua camisa listrada em verde e amarelo. Sei também que o clube está em uma posição modesta na II Divisão B e que um dos avançados da equipa é o caboverdiano Rambé. Não o conhece? Tens aí uma excelente oportunidade. Nesse fim de semana tem a Taça de Portugal, o Macedo e, tomara, o Rambé.

Só a Taça pode nos trazer prazeres como esse. Nessa terceira eliminatória a equipa do norte enfrenta o Atlético de Lisboa, fora. Na fase anterior eliminou o Amares, também fora e na etapa inaugural superou o Benfica Castelo Branco, dessa vez jogando em casa.

Aproveitemos todos os imprevisíveis que a Taça nos reserva! Como oferta, mais assunto para puxar com a dona Maria entre um bacalhau à lagareiro e um toucinho do céu.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Homens a Dias

A Seleção Nacional Portuguesa modelo 2010 encerrou hoje sua participação no apuramento ao Euro 2012. Felizmente para todos nós a equipa comandada por Paulo Bento apresentou algo mais do que nos dois primeiros encontros e hoje estamos em uma situação bastante razoável, dependendo exclusivamente das nossas próprias pernas.

Poderíamos ter ido além, melhorando consideravelmente nosso saldo de golos. Fizemos não mais do que o mínimo. Apenas missão cumprida. Portugal 3 a 1 na Islândia e, depois de um arranque torto, estragos minimizados.

O vulcão luso não está totalmente ativo, mas temos fé na nossa versão 2011, que se apresentará, em jogos oficiais, apenas em um distante mês de junho. É muita espera para sossegar 14 milhões de corações fanáticos, mas paciência é um dos nossos habituais pontos fortes. Paciência e muita torcida para que os 11 em campo façam mais, bem mais do que o mínimo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Portugal Gigante

Finalmente a Seleção das Quinas estreou no apuramento ao Euro 2012. Está certo, estreamos com dois jogos de atraso, mas foi em grande estilo.

Na estreia do professor Paulo Bento a equipa jogou como em uma transmissão radiofónica, quando os relatos apaixonados, para o deleite de quem se alimenta do esporte, superam em muito a realidade.

Hoje tivemos um Nani irretocável anotando dois golos e meio, o fantasma de um príncipe escandinavo tentando assombrar a Invicta por um par de minutos e, principalmente, 14 portugueses jogando por todos nós.

Portugal 3 a 1 na Dinamarca e o ressurgimento de uma força que andava um tantinho adormecida. Na próxima terça visitaremos a Islândia, terra de vulcões, e torcemos um bocado para estarmos tão ativos quanto hoje.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

100 Anos de Novos Ventos


Na semana em que completamos 100 anos de República Portuguesa é inevitável olhar um bocadinho para trás e ter uma curiosa saudade de épocas não presenciadas.

A Coroa Portuguesa brilhou intensamente, teve séculos de protagonismo mundial, expansão e progresso - legado material perdido em algum cassino da história - que moldaram definitivamente o jeito luso de olhar a vida.

Eu poderia ser mais do que sou? Essa é uma pergunta recorrente, repetida a exaustão de Sagres ao Timor, que mora em milhões de corações e que transportamos para todos as searas, inclusive a do nosso futebol. Para mim a resposta é simples: podemos tudo o que quisermos. Viva o novo.

Aproveitemos o frescor dos novos ventos para inspirar a equipa do Paulo Bento a ficar gravada na história nacional para os próximos 100 anos. 

domingo, 3 de outubro de 2010

Bem Partidinhos

A semana começa com a esperança de que a Seleção Portuguesa renasça mais uma vez e dê a volta a tudo na classificação ao Euro 2012.

Eu gostaria de ter certeza de que agora sim temos pernas para isso, de que agora sim temos o otimismo, de que agora sim temos a fé nesse querer. Sem dores de barriga, sem "ais", sem desculpas.

Vamos mostrar que nós só precisamos de um copo d'água salgada para navegar?

Se não for assim, que raios os partam de uma vez na próxima tormenta. E bem partidinhos! Assim economizaremos as emoções para batalhas, quem sabe, menos indóceis.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Debruça-te à Janela e Espera

A semana na Liga dos Campeões foi madrasta às intenções portuguesas.

Nesta segunda ronda da competição assistimos a um Benfica além, muito além, do que os mais pessimistas previam.

Numa Gelsenkirchen fria, o futebol encarnado foi impressionantemente pálido. A cidade que já viu o Porto comemorar um Europeu não deixará lembranças tão agradáveis para os da Luz.

A boa notícia é que ainda há tempo para respirar e dar a volta a isso. Só não aceitamos ficar estáticos à janela e esperar passar a oportunidade em uma chave que agrupa adversários perfeitamente superáveis.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

As Boas Novas Continuam Vindo do Norte


Seis jogos, dezoito pontos. O arranque do Porto na temporada 2010/2011 é o melhor entre todas as equipas que disputam as maiores ligas da Europa.

Isso é resultado, em grande parte, das apostas incomuns da turma da Invicta. Que outro grande pode dizer ultimamente que bancou a contratação de um Villas Boas de trinta e poucos anos como treinador principal?

Felizmente para o futebol do Século XXI o gosto das apostas de risco, que podem abrir todas as portas para o imprevisível, está sendo bem doce.

Seriam os deuses portistas? Ou eles apenas veem com bons olhos os que inovam?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

É Bento Mas Não é Santo

O professor Paulo Bento assume a Seleção Portuguesa em um período de entressafra de bons nomes. Isso, por si só, já se apresenta como um problema bem razoável. A maior encrenca vem do arranque para a classificação ao Euro 2012 ocorrer com dois jogos de retardo, o que nesse formato de competição deve equivaler a umas 8 ou 9 jornadas do campeonato nacional.

Não que os castelos escandivavos sejam assombrados ou que a perigosa armada cipriota seja indestrutível. O problema atual está "apenas" na vacilante condução dos assuntos do nosso reino.

Força Bento. Pensa em toda a gente que liga a vida a essa camisola e vamos em frente! E quem sabe um milagrezinho ou outro para ajudar?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Olho no Algarve


Na rodada em que o dérbi nacional atraiu quase todas as atenções da galáxia para Lisboa, o entusiasmo pelo futebol me fez olhar para algumas centenas de quilômetros de praias ao sul.

O Olhanense x Portimonense foi o primeiro clássico algarvio, na primeira divisão, depois de muitos séculos. E valeu cada minuto. Jogo disputado, doação e muita esperança de permanecer no principal escalão português.

Esse tipo de encontro é o que dá graça ao futebol e faz com que tudo tenha um pouco mais de sentido. Viva o Algarve! Quem sabe se nos próximos anos o Lagoa ou o Farense também não fazem um pouco mais pela nossa alegria? 

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Os Bons Tempos Voltaram

A possibilidade de o Mourinho dirigir, apenas como “bico”, a Seleção Portuguesa nos próximos dois jogos do apuramento do Euro 2012 me deixou extremamente feliz.

Não pela indiscutível capacidade do treinador do Real Madrid, mas pelo quê de amadorismo da notícia. A proposta do compartilhamento me leva para o antigamente, bem longe da era do ultraprofissionalismo ortodoxo, que tira muito da graça do esporte e da vida.

Há quanto tempo um técnico - em um país da primeira divisão do futebol mundial - não divide seu tempo entre um clube e uma seleção nacional?

Um pouco menos dos irreversíveis banners dos patrocinadores, eventos exclusivíssimos, assessores de toda sorte e entrevistas coletivas enfadonhas. Mais futebol original. E seis pontos com o Mourinho!  

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Era Uma Vez

Começou nessa quarta-feira o sonho dourado bracarense.

O resultado? Isso é o que menos importa. No embate contra os “primos” britânicos faltou muita coisa, mas a ilusão se mantém.

O Braga é apenas a quinta equipa lusa a participar da fase final da Liga Milionária e, se não foi o que esperávamos para o arranque, sobra gana para repetir o sucesso boavisteiro de anos passados.

Avante, Braga! Temos muito a mostrar.

domingo, 12 de setembro de 2010

Braga Reza, o Porto Trabalha e Lisboa Preocupa-se um Bocado

Fim de semana acabando, mais uma jornada do Português fica para a história e o início - pra valer - da Liga dos Campeões e da Liga Europa bate à porta.

Pelo que vimos neste início de temporada o Braga está ainda mais forte que no ano passado. Travou a melhor batalha do ano com o Porto que, amparado pelo trabalho costumeiro, deve nadar de braçada na fase de grupos da Liga Europa. Fé nos bracarenses! A equipa pode confiar nas surpresas que os deuses do futebol sempre reservam e partir para cima, já que figura em um grupo possivelmente "passável" na Liga dos Campeões.

Quando nos deslocamos ao sul, as coisas ficam mais complicadas. Os Encarnados foram derrotados pelo Vitória de Guimarães sem mostrar muito poder e o Sporting não passou do zero, em casa, com o Olhanense. Que dureza!

Nossa semana europeia promete muito. Vamos à luta, ó campeões!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Paixão ao Quadrado

O evento principal do próximo fim de semana é o arranque da II Série - a terceira divisão de Portugal. O fato por si pode não render muita coisa, mas quando pegamos a tabela e vemos que o Boavista ainda milita por essas bandas, temos um desgosto geométrico.

A equipa que quebrou a hegemonia do trio de ferro em um não tão distante 2001 e que disputou com galhardia a Champions poderia ter multiplicado o sucesso da sua camisola inusitada. Quem sabe a Ribeira hoje não seria totalmente colorida em preto e branco?

Mesmo sem o Ricardo, Martelinho ou Petit eu acredito na paixão axadrezada. E em uma forcinha de São João Baptista.


Nota da redação: o Boavista só estreia dia 22, em casa, contra o Cesarense.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Rainha Ainda com Brilho Opaco

Começou no último fim de semana, ofuscada pelos jogos da Seleção Nacional, a Taça de Portugal. Pelo seu desenho de jogo único eliminatório, a Prova Rainha é a mais surpreendente, democrática e, de longe, a mais divertida do calendário mundial.

Ainda apenas com equipas da segunda e terceira divisões, a Taça arrancou com uma surpresa: a eliminação do Chaves, que no ano passado chegou à finalíssima, pelo Amares, nas grandes penalidades, após empate em duas bolas.

Dia 10, sexta-feira, um novo sorteio vai ditar o destino de grandes e pequenos. Alguns ficarão muito felizes, outros apenas conformados e uma terceira parte vai entrar em total desespero.

Espero muito que, pelo bem do futebol e diversão geral da Nação, Bombarralense, Bustelo, Oriental e Merelinense, além do Amares, cheguem bem longe.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

No Tempo das Diligências

A cena é clássica: homem chega tropeçando, empurra as portas do saloon e dá o alerta, já quando o fôlego o está abandonando: A cidade "puf" está "puf" sendo "puf" invadida!". O dono do bar já começa a contabilizar o prejuízo, o homem da funerária se anima, o pianista interrompe a trilha sonora. Todos correm. Só resta um destemido homem da lei que vai ter de, depois de ajeitar o chapéu, garantir outra vez a ordem no oeste selvagem.

O final desse bang-bang é previsível. Como o Portugal-Noruega desse 7 de setembro, friozinho no Brasil, duro em Oslo: entramos em campo com uma equipa sem brios, sem xerife, vagando sem rumo na vastidão. Roteiro conhecido, outra derrota e já são 5 pontos de distância do líder.

Há algum tempo não temos nenhum Giuliano Gemma para salvar nossa pátria, mas ainda é possível retomar as rédeas da cidade. E guiar a caravana lusa rumo ao leste. Afinal, chegar à Polónia é assim tão complicado?

Vamos manter a fé. E também tentemos sacar mais rápido da próxima vez!

 

 

sábado, 4 de setembro de 2010

Limite-se a Ser Feia e Muito Minha

Podemos dizer que o final de semana não foi lá essas coisas. Na sexta, a Seleção Portuguesa não passou de um empate em Guimarães. Tudo bem que o embate foi contra uma das maiores potências do Mediterrâneo: o todo poderoso Chipre, mas estávamos em um D. Afonso Henriques cheio (de esperança).

Sábado prometia mais emoções e a Portuguesa, paulista, conseguiu complicar de vez o primeiro turno do Brasileirão Série B. Jogando em um Canindé lotado (de expectativas) entrega ao Sport, como um anfitrião atencioso, 3 pontos, assim, sem pensar muito nas dores de cabeça alheias: 2 x 1. E de virada.

Como diz um dos milhares de fados dedicados à melancolia, a Lusa limitou-se a ser feia, mas muito nossa.

Semana que vem começa o segundo turno. Tudo de novo. São mais 19 datas para acreditar, acreditar e acreditar.

 

O Gigante e os Anões

A estreia da Seleção das Quinas no apuramento do Europeu 2012 começou com um minuto de silêncio, em homenagem ao eterno José Torres, mas o que se viu a seguir foi uma equipa pequenina, que fez de tudo para promover a primeira micareta de Nicósia.

O nosso uniforme realmente está lindo, com os calções brancos e as meias verdes que evocam os Magriços, mas o futebol envergonha não só o Bom Gigante.

A formação em piloto automático, após o castigo imposto ao Queiroz - por este ter andado na contramão em um dos corredores da Federação - apresentou falta de um bom GPS e o que se viu foi o começo do calvário que nos levará(?) até a Polónia/Ucrânia. Roguemos, outra vez, a Fátima!

Fica a imagem de um Miguel com um arranque de maria-fumaça, saudade até do Pauleta, veja só, e um novo sabor de tragédia helénica.

Final: Portugal 4 x 4 Chipre. Pera amarga e as nossas desculpas ao Torres.

Terça-feira tem Noruega.

Até lá.


Nota da redação: micareta = carnaval fora de hora no Brasil.